Depois da explosão do conceito do YouTube - Broadcast Yourself era inevitável o aparecimento de um sub-produto, copiando o conceito mas não o mérito, o YouPorn. Se eu não gostasse de cães, poderia classificar este sítio sinistro como abaixo de cão. No entanto, isso seria insultar a dignidade da espécie animal amiga do homem que nos faz acreditar em conceitos em vias de extinção, como a devoção e a lealdade, entre outros.O YouPorn não é abaixo de cão, é abaixo de qualquer critério possível, porque, ao contrário do que pensam os agentes activos que se filmam para mostrar ao mundo os seus pretensos atributos e supostas habilidades, assistir a pornografia é uma coisa e ver pessoas a praticar sexo é outra.
A pornografia é uma indústria com as suas características específicas, que não se enquadra nos cânones dos bons costumes católicos e da qual nem todos gostam. Há pornografia de boa e de má qualidade, há pornografia de todos os géneros e para todos os feitios, que explora todos os fetiches possíveis, do mais requintado ao mais abjecto. Há quem deteste e há quem seja viciado. Há quem a veja como aceitável e quem a considere um crime moral. Mas nada disto se compara à visão grotesca de vídeos caseiros em que duas alminhas decidem, num espírito de ‘faça você mesmo’, assumir o papel de porn stars da Reboleira de Baixo e exibir as suas performances sexuais como se fossem profissionais do métier. No fundo, são como os jogadores de bancada e os árbitros do café da esquina; pensam que sabem como se faz, mas não sabem nada.
Há quem diga que se não for ‘puro e duro’ o sexo não é bom sexo, mas existe um enorme abismo entre fazê-lo e filmá-lo. Como para qualquer outra arte visual, é preciso técnica, saber e talento. Ver vídeos no YouPorn é como comer pão sem manteiga, caldo de verde sem chouriço, bacalhau sem azeite. Não sabe a nada, é gratuito, insonso, sensaborão e desinteressante.
Infelizmente, mais uma vez Portugal consegue aqui mostrar o seu pior. Os vídeos nacionais são tão grotescos e tão mal filmados que sentimos vergonha alheia por quem os colocou no ar: desde um espião numa casa de banho pública que tenta filmar por cima e por baixo o que se passa no cubículo do lado, dando grande destaque às falhas da pintura na parede e a rolos de papel higiénico perdidos no parapeito separador, até uma jovem sonolenta que passa o tempo a dizer ao parceiro ‘Ó Nando, desliga lá isso, pá’, rematando com enfado ‘ó pá, está-me a aleijar’, é difícil ver algo pior.
Se Oscar Wilde escreveu que ‘todos estamos na valeta, mas alguns de nós olham para as estrelas’, eu acho que uns estão mais do que outros. Para me rir do grotesco, prefiro rever o Rap dos Matarruanos: até a Miss Ovibeja é mais sexy.
quarta-feira, março 25, 2009
Pornobanhadas
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