domingo, março 22, 2009

love & sex

Nem toda a gente concorda que sexo e amor tenham necessariamente de estar juntos, mas toda a gente gosta de fantasiar com a perspectiva de os juntar, senão para sempre, pelo menos durante algum tempo ao longo de uma vida.
As mulheres, que têm na sua maioria uma visão mais poética e romântica do sexo, encaram o binómio Sexo+Amor como uma combinação perfeita, o porta-estandarte da felicidade e da plenitude. Os homens, regra geral mais pragmáticos tanto neste como em outros assuntos, distinguem o sexo com amor do sexo sem amor, apreciando em cada caso o que houver de melhor.
Existe na génese feminina – de forma estrutural ou aculturada – uma tendência natural para romancear as relações sexuais. É claro que Madame Pompadour, Mata Hari e a própria Samantha de O Sexo e a Cidade funcionam como contracorrente e acabam por influenciar as mulheres, mas no fundo todos sabemos que estas se sentem muito mais confortáveis em relações afectivas profundas do que no clássico toca-e-foge.
O que muitas destas mulheres se esquecem é que nisto, como em tantas outras coisas, os homens são mais parecidos connosco do que aparentam e também devem sentir-se tão realizados quanto nós com uma relação que tenha as duas coisas.Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Uma coisa é dar umas voltas, passar uns bons momentos, treinar novas acrobacias e bater recordes orgásmicos com alguém que até é o nosso género e com quem até nos damos bem; outra coisa é partilhar o corpo e o espírito a sério com alguém por quem se tem sentimentos profundos de afecto, amor, paixão, estima, cuidado, protecção e confiança. E quem vive ou já viveu plenamente a segunda, prefere sempre esta à primeira. É caso para dizer que o óptimo é inimigo do bom, ou, usando um brilhante claim de uma campanha publicitária de um produto de higiene doméstica: para quê algodão se pode ter seda?
Quanto mais se fala de sexo, menos se valoriza o que este tem de melhor. O mesmo acontece com o amor. Como dizia o poeta, já gastámos todas as palavras. Nunca as palavras sexo e amor foram tão usadas e gastas e, no entanto, a insatisfação em relação a um a ao outro transpira por todo o lado.Convém lembrar que, tanto num caso como no outro, é preciso haver tempo e disponibilidade para investir com generosidade, dedicação e interesses genuínos; é preciso estar lá com o coração e com o espírito para que o corpo materialize e sintetize o prazer.
Podemos ser diferentes em gostos, princípios e manias, mas naquilo que é essencial somos todos iguais; todos desejamos afecto, amor e estímulo, todos temos sonhos, medos e fantasias, todos gostamos de sentir prazer e amor e todos gostamos de combinar um com o outro. Como canta a sábia Rita Lee, sexo é escolha, amor é sorte. Mas a sorte vai batendo à porta, de vez em quando. Basta apenas deixá-la entrar.
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